Nossos links

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A quem devemos orar e adorar?


INTRODUÇÃO
A Bíblia nos ensina, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, que há apenas um Deus verdadeiro (Dt 6.4; 2Rs 5.15; Is 44.6; Jo 17.3; Rm 16.27; 1Co 8.4; 1Tm 2.5), Criador de tudo e de todos (Gn 1.1; Jo 1.1-3). Todas as demais coisas e pessoas são criação de Deus. Além disso, os três grandes ramos do Cristianismo (Católicos Romanos, Protestantes/Evangélicos e Ortodoxos Gregos) creem na doutrina da Trindade, segundo a qual "o Deus uno é, por toda a eternidade, Pai, Filho e Espírito Santo"(1).
Sendo assim, de acordo com a Bíblia, apenas Deus pode receber oração e culto, ou a criatura também pode ser cultuada e receber oração de forma legítima?

1. ADORAÇÃO E CULTO, APENAS A DEUS
Alguns cultuam ou adoram anjos, por serem seres celestiais. Mas a Bíblia nos ensina que anjos não podem e não devem ser cultuados ou adorados (Ap 19.9-10; Ap 22.8-9). Alguns cultuam ou adoram pessoas que viveram uma vida santa neste mundo, mas este não é o ensino da Bíblia. Por exemplo, Pedro e Paulo recusaram ser cultuados e adorados. O apóstolo Pedro, inclusive, além de recusar ser adorado e cultuado, ensina que o culto e a adoração são devidos apenas a Deus (At 10.25-26). O mesmo aconteceu com o apóstolo Paulo e com Barnabé (At 14.11-18).  A Bíblia nos dá alguns exemplos de culto que Deus não aceita (Ex 20.3-6; Dt 4.15-20; Jr 7.16-20).  O culto e a adoração só devem ser oferecidos a Deus, e jamais à criatura, seja a anjos, seres humanos vivos ou mortos, ou qualquer outra criatura (Mt 4.8-10).  A Bíblia afirma a divindade de Jesus Cristo e, assim, aprova a atitude de adorá-lo (Mt 9.18-19; Mt 15.25-26; Mc 5.6-7; Jo 9.38-39), ao contrário do que aconteceu com a adoração a Paulo, a Pedro e ao anjo no Apocalipse.
Ora,
"Somente Javé (SENHOR) tem direito à adoração. (...) Para 'escândalo dos judeus' (1Co 1.23), proclama-se que a adoração reservada ao Deus único é devida a Jesus crucificado, confessado como Senhor e Cristo (At 2.36). 'Ao seu nome se dobra todo joelho no céu, na terra e nos infernos' (Fp 2.9ss; Ap 15.4). Esse culto tem por objetivo o Cristo ressuscitado e exaltado (Mt 28.9-17; Lc 24.52), mas no homem ainda destinado à morte (Mt 14.33; Jo 9.38), e  mesmo no recém-nascido (Mt 2.2-11; cf. Is 49.7) a fé já reconhece o Filho de Deus e o adora"(2).
Ou seja, adoração e culto, apenas a Deus.
Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, é o único ser humano que pode receber adoração e culto, pois Ele é humano e divino.

2. ORAÇÃO, APENAS A DEUS
Do mesmo modo que o culto e a adoração, a oração deve ser dirigida apenas a Deus. A Bíblia não aprova oração alguma dirigida a algo ou alguém que não seja o Criador. Quando Jesus ensinou seus discípulos a orar, jamais mencionou que podemos orar à criatura alguma, mas apenas a Deus (Mt 6.5-15). A Bíblia ensina que devemos orar ao Deus Triúno (uno e trino). Alguns exemplos: Sl 65,2; Is 65.24; Mt 6.7-8; Lc 18.1-8; Jo 14.13-14; Ap 22.20.
Neste sentido, a Bíblia também não aprova orações a anjos. A Bíblia registra diálogos com anjos, mas não orações que sejam aceitas. É lícito orar a Deus e pedir que Ele nos guarde com seus anjos, mas não orar aos anjos!
Ou seja, oração, apenas a Deus.
Novamente, o único ser humano que pode receber oração, segundo o testemunho bíblico, é Jesus Cristo, o Deus encarnado (At 7.59-60; Ap 5.13; Ap 22.20).

3. QUEM INTERCEDE POR NÓS DIANTE DE DEUS? 
A Bíblia é nossa regra de fé e prática. Segundo a Bíblia, quem intercede por nós junto a Deus Pai é o próprio Filho de Deus (Rm 8.34) e o Espírito Santo (Rm 8.26-27). Aqueles que já partiram não podem interceder por nós, pois o autor de Hebreus, após citar a galeria dos heróis da fé (Hb 11.1-38), afirma o seguinte: "Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados" (Hb 11.39-40). Em outras palavras, aqueles que partiram em Cristo antes de nós ainda não alcançaram a "a concretização da promessa", ou seja, a ressurreição (cf. 1Ts 4.13-18).
Sendo assim, cremos que, "nos céus", apenas o Filho e o Espírito intercedem por nós junto ao Pai, segundo o testemunho das Escrituras.

4. QUAL É A DIFERENÇA ENTRE "ADORAR" e "VENERAR"?
Uma das diferenças fundamentais entre protestantes e católicos romanos está na doutrina romana da "veneração das relíquias, dos santos e de Maria", bem como na "oração aos santos e à Maria".
A Igreja Católica Romana (ICAR) afirma o seguinte:
"A Igreja, segundo a tradição, venera os santos e as suas relíquias autênticas, bem como as suas imagens. É que as festas dos santos proclamam as grandes obras de Cristo nos seus servos e oferecem aos fiéis os bons exemplos a imitar" (3).
"Muito de caso pensado ensina o sagrado Concílio esta doutrina católica, e ao mesmo tempo recomenda a todos os filhos da Igreja que fomentem generosamente o culto da Santíssima Virgem, sobretudo o culto litúrgico, que tenham em grande estima as práticas exercícios de piedade para com Ela, aprovados no decorrer dos séculos  pelo magistério, e que mantenham fielmente tudo aquilo que no passado foi decretado acerca do culto das imagens de Cristo, da Virgem e dos santos" (4).
A Igreja Romana faz distinção entre latria ("culto" - devido apenas a Deus), dulia ("veneração" - devida , por exemplo, aos santos e à Bíblia) e hiperdulia ("alta-veneração" - devida à "Nossa Senhora"). No entanto, a distinção entre latria, dulia e hiperdulia NÃO TEM COMO BASE A BÍBLIA, MAS APENAS A TRADIÇÃO/MAGISTÉRIO DA ICAR. Por exemplo, no excelente "Vocabulário de Teologia Bíblica", dirigido pelo biblista francês católico romano Xavier Léon-Dufour, não encontramos nem mesmo sinal das expressões "dulia" e "hiperdulia". No verbete "Maria", em momento algum é afirmado que ela deva receber oração ou veneração! Mas por que? O motivo é simples: A obra trata de "Teologia Bíblica" e não de "Tradição" ou "Magistério Eclesiástico".
Se você consultar, por exemplo, o "Sinopse dos documentos conciliares Vaticano II" citado acima, documento oficial da Igreja Católica Romana, em que os textos conciliares são reunidos na forma de um dicionário, vai perceber, por exemplo, no verbete "Maria", o seguinte: toda vez que o verbete faz uma afirmação que está de acordo com a doutrina protestante, a Bíblia é citada para fundamentar a afirmação. Quando o verbete faz uma afirmação que está em desacordo com a doutrina protestante, a Bíblia não é citada (pois não é possível!), mas citam-se textos da Tradição/Magistério da ICAR. Nossa intenção aqui não é polêmica, mas apenas didática. A Igreja Católica Romana fundamenta algumas de suas doutrinas exclusivamente na Tradição ou no Magistério, como é o caso da veneração ou da alta-veneração às relíquias, aos santos e à Maria, bem como a oração aos "santos" e à "Maria". Os protestantes, por outro lado, não aceitam estas doutrinas, pois elas não tem como fundamento a Bíblia, mas apenas a Tradição e o Magistério da Igreja de Roma.
Um dia, enquanto estava estudando a Bíblia com uma família, alguém me perguntou: "Você não ora mesmo para Maria ou para algum santo?". Eu respondi: "Eu posso me ajoelhar e orar agora mesmo para Maria ou algum santo, mas só depois que você abrir a Bíblia e me mostrar uma oração a algo ou alguém que não seja Deus que a Bíblia aprova". Obviamente, estou até hoje sem fazer este tipo de oração, pois a Bíblia não a autoriza em hipótese alguma!


CONCLUSÃO
As nossas orações, nosso culto, nossa adoração, só podem ter como alvo o único Deus verdadeiro, Criador de tudo e de todos. A Bíblia nos ensina que não devemos orar ou adorar a nenhuma criatura, o que inclui seres humanos e anjos (At 10.24- 26; Rm 1.18-23; Ap 19.9-10; Ap 22.9). Não devemos sequer contar com a intercessão de quem quer que seja na presença de Deus, além da intercessão do Filho e do Espírito (Rm 8.26-27; 33-34). O único ser humano que pode receber adoração, culto e oração é Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem (Jo 1.14). A adoração, o culto e a oração só podem ter como alvo o único Deus verdadeiro (Dt 6.5; Mt 4.10; Mt 6.5-15).


--------------------------------------------------------------------
Notas
(1) Comissão de Fé e Ordem do CMI. A Confissão da Fé Apostólica. São Paulo: Conic/IEPG, 1993, p. 30.
(2). Marc-François LACAN. "Adoração". In: Xavier Léon-Dufour (dir.). Vocabulário de Teologia Bíblica (7a ed.). Petrópolis: Vozes, 2002, p. 14.
(3) J. Barbosa Pinto (org.). Sinopse dos documentos conciliares Vaticano II. Braga (Portugal) - Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, 1979, p. 240.
(4) J. Barbosa Pinto (org.). Sinopse dos documentos conciliares Vaticano II. Braga (Portugal) - Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, 1979, p. 239.

Fonte da imagem: http://thumbs.dreamstime.com/t/bra%C3%A7os-do-aumento-do-homem-ao-c%C3%A9u-2577582.jpg

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia nossos posts!

Leia nossos posts!