Nossos links

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Ressurreição ou Reencarnação?

INTRODUÇÃO

Há conciliação possível entre fé cristã e reencarnação? A resposta é muito clara e muito simples: NÃO! Mas por que não? Vamos entender?

A tensão entre a Fé Cristã e a doutrina da Reencarnação está ligada à uma doutrina cristã fundamental: a Ressurreição.

A essência do Evangelho, ou seja, a essência da doutrina cristã, é a ressurreição de Cristo, o que fica muito claro em 1Coríntios 15.1-5, onde o Apóstolo Paulo define com muita clareza o que é o Evangelho:
"Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e RESSUSCITOU ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze" (1Coríntios 15.1-5 - destaques acrescentados).
Ou seja, qual é a mensagem do Evangelho? As Boas Novas da Salvação em Jesus Cristo: Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa salvação! Vamos entender estas afirmações com mais detalhes...


1) QUATRO CONCEITOS IMPORTANTES

Há quatro conceitos que precisam ficar bem claros: ENCARNAÇÃO, RESSUSCITAÇÃO, RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO.

Segundo a Bíblia, a ENCARNAÇÃO ocorreu apenas uma vez, apenas com uma pessoa, ou seja, apenas com o Filho de Deus. Encarnação é o nome que se dá ao evento em que o Filho de Deus deixa a sua glória, vem ao mundo, e se faz carne (gente), por obra do Espírito Santo, nascendo da virgem chamada Maria (Lucas 1.26-38; João 1.1-14).

RESSUSCITAÇÃO é algo que acontece com alguns personagens da Bíblia, como, por exemplo, com Lázaro, irmão de Marta e Maria. Lázaro morreu, mas Jesus fez com que ele voltasse à vida. No entanto, esta ainda não é a vida eterna, pois Lázaro morre novamente. Ressuscitação é uma volta à esta mesma vida, ainda sujeita à morte (1Reis 17.17-24; Marcos 5.35-43; João 11.38-45).

RESSURREIÇÃO é a vitória definitiva de Jesus Cristo sobre a morte. Jesus morre na cruz do Calvário numa sexta feira, permanece morto no sábado, mas ressuscita ao terceiro dia, num domingo. Há uma diferença muito grande entre RESSUSCITAÇÃO e RESSURREIÇÃO. Lázaro passou por uma ressuscitação, mas morreu novamente. Jesus Cristo passou pela ressurreição, e a morte não tem mais domínio sobre Ele. Até o momento, o único que passou pela RESSURREIÇÃO é Cristo (Mateus 28.1-10; Atos 1.1-3; 1Co 15.3-4). Um dia, os mortos em Cristo vão passar pela RESSURREIÇÃO e, naquele dia, viveremos eternamente, pois a morte não terá mais domínio sobre nós (1Co 15.20-28).
Outra questão fundamental sobre a RESSURREIÇÃO é que ela está necessariamente ligada ao corpo físico, que será, na volta do Senhor, transformado em corpo glorificado:
"Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual TRANSFORMARÁ o nosso CORPO DE HUMILHAÇÃO, para ser igual ao CORPO DA SUA GLÓRIA, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas" (Filipenses 3.20-21 - destaque acrescentado).
"Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo" (Romanos 8.22-23 - destaque acrescentado).

Esta relação entre RESSURREIÇÃO e corpo físico fica clara nos Evangelhos. Ao ressurgir, Jesus não se manifesta como uma "alma penada", ou seja, como um espírito sem corpo, mas a sua ressurreição inclui o corpo; por isso o túmulo estava vazio (Marcos 16.1-8); por isso, Jesus come e bebe com os seus discípulos após a ressurreição (Lucas 24.36-43). É por isso que o Credo Apostólico afirma com clareza: "Creio na ressurreição do corpo"(1).
Você pode visitar o túmulo de qualquer fundador de religião, e lá vai encontrar onde estão seus restos mortais. No entanto, no túmulo de Jesus você não vai encontrar corpo algum, pois Ele não está entre os mortos; Ele Vive! Além disso, Jesus Cristo não veio fundar religião, mas trazer o Reino de Deus.

REENCARNAÇÃO. Allan Kardec, em seu livro "O Evangelho segundo o Espiritismo", define REENCARNAÇÃO da seguinte maneira:
"A reencarnação é o retorno da alma, ou Espírito, à vida corporal, mas em um outro corpo novamente formado para ela, e que nada tem de comum com o antigo" (2).
Kardec afirma que "a reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição" (3), o que é um grande engano. Enquanto a doutrina bíblica da RESSURREIÇÃO, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, pressupõe o corpo físico, a doutrina da REENCARNAÇÃO despreza o corpo da suposta encarnação passada.
Fica evidente que a REENCARNAÇÃO é uma doutrina completamente estranha à fé cristã. Ora, a Escritura Sagrada afirma com clareza:
"E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação" (Hebreus 9.27-28 - grifo acrescentado). 


2) BREVE PANORAMA DA DOUTRINA BÍBLICA

Deus criou tudo muito bom (Gn 1.31), inclusive o ser humano, macho e fêmea, criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27). O ser humano tinha um relacionamento perfeito com Deus, com o próximo, consigo mesmo e com a criação de Deus, tendo inclusive dado nome a todos os animais.
Deus sempre pautou o seu relacionamento com o ser humano na dinâmica da LIBERDADE com RESPONSABILIDADE:
"E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2.16-17). 

Mas o ser humano não deu ouvidos à Palavra de Deus, que o chamava para uma vida de liberdade e responsabilidade, e resolveu dar ouvidos à outra voz, à voz da serpente:

"Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu" (Gênesis 3.1-6 - destaque acrescentado).
O pecado trouxe uma crise profunda ao ser humano, pois todas as suas relações foram afetadas: a relação com Deus (crise teológica), a relação com o próximo (crise sociológica), a relação consigo mesmo (crise psicológica) e a relação com a criação de Deus (crise ecológica). A partir de então, as relações humanas estão afetadas pelo pecado e, por extensão, pelo seu coroamento, a morte. Segundo a fé cristã, a morte não é uma amiga, mas uma inimiga:
"O último inimigo a ser destruído é a morte" (1Coríntios 15.26).
O que a Bíblia ensina nos três primeiros capítulos do Gênesis é que Deus é o Criador dos céus e da terra, um Deus de amor que cria tudo aquilo que é necessário para que o ser humano viva e tenha uma vida feliz. No entanto, a Palavra de Deus foi desprezada pelo ser humano, e o pecado trouxe a humanidade à uma situação de crise em todas as suas relações, e o pecado trouxe a morte. Nada que o ser humano possa fazer pode reparar o mal que ele mesmo fez, ao se rebelar contra a Palavra amorosa de Deus. Ora,
"Todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3.23).
Mas como superar a alienação, a crise profunda em todas as esferas de relacionamento humano e, enfim, como superar o pecado e a morte? Como alcançar redenção? O potencial humano é muito grande, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Os seres humanos tem capacidades que sequer conhece ainda. No entanto, todas as suas forças e capacidades não podem reparar o mal que foi feito. Deus nos criou para o bem e as boas obras. Quando fazemos o bem, não estamos fazendo mais que a nossa obrigação, pois somos criados à imagem e semelhança de um Deus bom e amoroso. Mas quando fazemos o mal, estamos em dívida, uma dívida que não pode ser paga com boas obras. Sendo assim, toda a humanidade estava debaixo do juízo de Deus. Mas como superar este juízo, como superar a crise em todas as esferas de relacionamento? Como viver uma vida plena?

A resposta cristã é a Ressurreição de Cristo. Deus fez por nós aquilo que nós não poderíamos fazer. Nossos pecados são uma dívida impagável. As outras pessoas não podem nos ajudar, pois estão na mesma condição, e uma pessoa sem dinheiro e com dívida não pode socorrer outra sem dinheiro e com dívida. Assim, Deus fez por nós o que nós não poderíamos fazer por nós mesmos: Deus enviou o Seu Único Filho ao mundo, para nos trazer salvação. O Filho, por meio de quem tudo o que existe foi criado, deixou a sua glória, veio ao mundo, e se fez homem, através da ação do Espírito Santo numa virgem chamada Maria. O Filho de Deus se fez carne, e recebeu o nome de Jesus. Jesus de Nazaré foi o único homem que foi tentado em todas as coisas, mas sem pecado:
"Não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado" (Hebreus 4.15).
O Filho de Deus se fez gente (Jo 1.14), assumiu toda a miséria e fraqueza humana, e depois de viver uma vida sem pecado (Hb 4.15), a si mesmo se entregou por nós (Gálatas 1.4), morrendo pelos nossos pecados na cruz do Calvário, para trazer perdão para os nossos pecados. Mas Jesus não permaneceu morto, pois ao terceiro dia, num domingo, Ele ressuscitou dentre os mortos, vencendo o pecado e a morte. Ao vencer o pecado e a morte, Jesus Cristo envia aos nossos corações o Espírito Santo, que nos restaura e transforma para uma nova vida. A vida no Espírito é uma vida de constante arrependimento do mal, de renovação da mente e de manifestação do poder de Deus, que nos transforma de glória em glória. O Espírito Santo é o sinal e selo da nossa salvação, é a garantia de que, após a morte, vamos ressuscitar à semelhança de Cristo, e viveremos para sempre na presença gloriosa de Deus.

Portanto, a salvação e o desenvolvimento espiritual, na mensagem cristã, estão ligados à cruz e à ressurreição de Cristo, numa vida nova, vivida no Espírito. A ideia de que o desenvolvimento humano se dá através de sucessivas reencarnações é completamente estranha à mensagem do Evangelho. Isso fica claro em Hebreus, em que se afirma com toda a clareza:
"E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação (Hebreus 9.27-28 - destaques acrescentados).

3) TEXTOS BÍBLICOS USADOS NA POLÊMICA

Algumas pessoas que acreditam na doutrina da reencarnação querem fundamentar suas convicções nas Sagradas Escrituras. Alguns dos textos bíblicos mais utilizados (incorretamente) são os seguintes:  Mateus 11.12-15; 16.13-17; 17.10-13; Marcos 6.14-15; Lucas 9.7-9; João 3.1-12. Vamos, a seguir, apresentar brevemente estes textos da Bíblia e verificar se eles dizem respeito à fundamentação da doutrina da reencarnação.

a) Mateus 16.13-17:
"Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?  Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus".
Jesus pergunta para seus discípulos quem o povo afirma ser o Filho do Homem, e a resposta é clara: "Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas". Mas era essa a opinião de Jesus e dos seus discípulos? Não! Jesus pergunta novamente: "Mas vós, quem dizeis que eu sou?". Então, Pedro responde: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Ou seja, Jesus não era nem João Batista, nem Elias, nem Jeremias ou algum dos profetas. Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo! Assim, este texto bíblico fundamenta a doutrina da ENCARNAÇÃO, e de modo algum a doutrina da reencarnação.
Mateus 16.13-17 não oferece fundamento algum à doutrina da reencarnação. Vamos dar um exemplo. Alguém diz: "O João acredita que Jesus é João Batista, mas eu afirmo que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo". Acaso a afirmação é favorável à doutrina da reencarnação? Pois é exatamente o caso de Mateus 16.13-17. Além disso, mesmo neste caso, a identidade de Jesus com Elias por parte de alguns do povo não tem relação com reencarnação, pois Elias não morreu, mas foi arrebatado (2Rs 2.1-12). Além disso, o fato de a multidão identificar Jesus com Jeremias ou algum dos profetas ou mesmo com João Batista não impõe a ideia de reencarnação (veja abaixo comentário sobre Marcos 6.14-16), pois no judaísmo de então os fariseus formavam um grupo de grande importância sobre o povo, e eles criam na ressurreição (Atos 23.8).

b) Mateus 17.10-13.
"Mas os discípulos o interrogaram: Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? Então, Jesus respondeu: De fato, Elias virá e restaurará todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer nas mãos deles. Então, os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista".
Novamente, este é um texto que só pode ser utilizado para fundamentar a doutrina da reencarnação se você violar todas as regras de interpretação. Os discípulos perguntam por que os escribas afirmam ser necessário que Elias venha primeiro. Jesus afirma que Elias já veio, que foi morto, e que Ele mesmo também iria morrer nas mãos dos homens. Quando Jesus afirma que Elias já veio, os discípulos entenderam que Jesus estava se referindo à João Batista. Mas este texto está mesmo falando de reencarnação? Não! Vejamos.
Se este texto for lido isolado, é possível tentar fundamentar a doutrina da reencarnação, pois, afinal de contas, se Elias deveria vir primeiro e se Elias é João Batista, então o texto parece fazer referência à reencarnação. Mas não é o caso. Em primeiro lugar, não podemos isolar o texto do contexto. Por exemplo, alguém pode dizer: "Eu não gosto de mosquito. Eu mato qualquer um que aparecer". Se você citar a fala sem a primeira parte, o texto fica assim: "Eu mato qualquer um que aparecer". Ora, então o locutor era um assassino de pessoas? Não! A frase foi retirada do contexto! É o que acontece com Mateus 17.10-13: Ele deve ser lido com Mateus 17.1-9:
"Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias. Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo. Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais! Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus. E, descendo eles do monte, ordenou-lhes Jesus: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do Homem ressuscite dentre os mortos".
Viu como ficou claro? Como você pode afirmar que o João Batista é a reencarnação de Elias, se o próprio Elias aparece no monte, diante de Jesus, Tiago, Pedro e João? A esta altura do Evangelho segundo Mateus, João Batista já havia morrido e, se ele fosse a reencarnação de Elias, quem apareceria no monte não seria Elias, mas o próprio João Batista.
Além disso, a Bíblia afirma que Elias não morreu, mas que foi elevado ao céu sem passar pela morte e, portanto, não pode reencarnar sem morrer! (2Reis 2.1-12).
Outra coisa, a pergunta dos discípulos ("Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?") é uma referência à um texto do profeta Malaquias, que diz:
"Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição" (Malaquias 4.5-6).
O texto de Malaquias afirmou que o profeta Elias viria. Em Mateus 17.1-9 Elias aparece no monte, juntamente com Moisés, diante de Jesus e 3 de seus discípulos. João Batista já havia morrido e Elias ainda não morreu. Onde estaria mesmo o fundamento para a doutrina da reencarnação neste texto bíblico?

c) Marcos 6.14-16.
"Chegou isto aos ouvidos do rei Herodes, porque o nome de Jesus já se tornara notório; e alguns diziam: João Batista ressuscitou dentre os mortos, e, por isso, nele operam forças miraculosas. Outros diziam: É Elias; ainda outros: É profeta como um dos profetas. Herodes, porém, ouvindo isto, disse: É João, a quem eu mandei decapitar, que ressurgiu".
Ora, o próprio texto bíblico fala claramente de ressuscitação ou de ressurreição, mas não de reencarnação!

d) Lucas 9.7-9.
"Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava e ficou perplexo, porque alguns diziam: João ressuscitou dentre os mortos;  outros: Elias apareceu; e outros: Ressurgiu um dos antigos profetas.  Herodes, porém, disse: Eu mandei decapitar a João; quem é, pois, este a respeito do qual tenho ouvido tais coisas? E se esforçava por vê-lo".
Novamente, o texto não fala em hipótese alguma de reencarnação. Veja só:
- "alguns diziam: João ressuscitou dentre os mortos" - ou seja, referência à ressuscitação ou ressurreição.
- "outros: Elias apareceu" - ou seja, uma vez que Elias não morreu, não tem relação alguma com reencarnação.
- "e outros: Ressurgiu um dos antigos profetas" - novamente, referência à ressuscitação ou ressurreição.

e) João 3.1-12.
"Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu Jesus: Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho. Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?
A grande questão aqui é a expressão "nascer de novo". Mas, afinal, o que significa "nascer de novo"?A expressão "nascer de novo" não significa "reencarnar", pois Jesus mesmo explica o sentido: "Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo" (vv. 5-7). A expressão "nascer de novo", tão comum no Evangelho segundo João e nas cartas de João, corresponde à expressão "nova criatura" presente nas cartas de Paulo, e faz referência à nova vida no Espírito de Cristo, que tem início quando cremos em Cristo e somos batizados. Além disso, a expressão "o que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito" é iluminada, por exemplo, na leitura de Gálatas 5.16-26, onde "carne" e "Espírito" apontam para dois tipos de vida: uma vida vivida segundo padrões terrenos e carnais de pecado, injustiça e opressão, por um lado, e a nova vida no poder do Espírito de Cristo, livre, justificada e libertadora, por outro lado. Nascer da água e do Espírito não é referência à reencarnação, mas sim à nova vida debaixo da graça de Deus, vivida no Espírito de Deus. Ora,

"Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna" (Tito 3.4-7).

Portanto, nenhum dos textos bíblicos tradicionalmente citados por adeptos da doutrina da reencarnação fundamentam esta doutrina. Quem acredita nesta doutrina deve recorrer a outros textos, mas não à Bíblia, que jamais dá suporte para a doutrina da reencarnação.



CONCLUSÃO
 Nosso intuito neste post não é criticar as pessoas que acreditam na doutrina da reencarnação, mas simplesmente apresentar os motivos pelos quais esta doutrina não é compatível com a fé cristãtal como apresentadas nas Sagradas Escrituras. A fé cristã fala claramente em encarnação (o Filho de Deus se faz carne, assumindo a nossa humanidade), ressuscitação (um morto volta à vida) e ressurreição (Jesus Cristo vence a morte e a supera para sempre, e um dia trará esta ressurreição à todo o povo de Deus). No entanto, a Bíblia não fala em momento algum de reencarnação.

Encerramos com as palavras do Apóstolo Paulo:

"Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos (1Coríntios 15.20-28).

____________________________________________

Notas
(1) H. BETTENSON. "O Credo dos Apóstolos". In: Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste/Simpósio, 1998, p. 61.
(2) Allan KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Catanduva: Boa Nova, 2004, p. 60.
(3) Allan KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Catanduva: Boa Nova, 2004, p. 60.
Todas as citações bíblicas, retiradas de:
A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
Fontes da imagem:
a) Traduzida para o português: http://ocatequista.com.br/wp-content/uploads/2013/11/steve_jobs_2.jpg
b) Original em inglês: http://gocomics.typepad.com/.a/6a00d8341c5f3053ef01a73d78da55970d-pi

Leia nossos posts!

Leia nossos posts!